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Recuperação é saída da crise para empresa

Expectativa para 2017 é que mais companhias deverão solicitar proteção

Expectativa para 2017 é que mais companhias deverão solicitar proteção em relação aos credores na Justiça para alongar prazos e conseguir descontos em suas dívidas

São Paulo – As empresas em dificuldades financeiras vão à Justiça para sobreviver à crise. Mesmo num cenário de redução dos juros (taxa Selic), a expectativa é que número de pedidos de recuperação judicial avance entre 10% a 15% em 2017.

Nos últimos 12 meses até fevereiro, essas requisições haviam crescido 22,5% no levantamento da Boa Vista, ao passo que os pedidos de falência aumentaram 6%, no mesmo período.

“Para quem passou por 2015 e 2016, o cenário econômico de 2017 está bem melhor. Os juros estão em queda, a inflação está caindo e a inadimplência do consumidor começa a cair. Neste sentido, o ritmo [de crescimento] dos pedidos de recuperação judicial tende a diminuir e o de falências pode estabilizar”, aponta o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife.

No último levantamento da Serasa Experian, o número de pedidos de recuperação judicial aumentou para 115 em fevereiro, alta de 40,2% em relação às 82 requisições de janeiro, mas 25% abaixo das 155 solicitações requeridas em fevereiro de 2016.

De acordo com os economistas da Serasa Experian, a queda nos pedidos de recuperações judiciais neste início de 2017 em relação a igual período do ano passado pode estar relacionada com a atual tendência de redução mais acelerada das taxas de juros.

Na visão dos economistas entrevistados pelo DCI, a queda dos juros impacta favoravelmente os processos de renegociação voluntária das dívidas corporativas, o que acaba evitando que mais empresas tenham de recorrer à justiça para fazê-los.

Em 2016, segundo os dados da Serasa, 1.863 empresas solicitaram a recuperação judicial, sendo 1.516 diferidas (analisadas pela Justiça) e 470 recuperações concedidas. Ao mesmo tempo foram registrados 1.852 pedidos de falência, e 721 falências foram decretadas.

Nos dados de fevereiro de 2017, foram 141 falências requeridas, ante 132 em igual mês do ano passado. O número de falências decretadas também cresceu de 50 para 70 na mesma comparação mensal.

Segundo o especialista em estratégia empresarial, Fernando Luzio, da Luzio Estrategy Group, a melhora da economia em 2017 ainda será muito pequena para recuperar empresas em crise. “As empresas que estão sofrendo nos últimos dois anos com a crise precisam de um pouco de oxigênio antes de caminhar com as próprias pernas, por isso, vão ocorrer novos pedidos de recuperação judicial”, afirma.

Luzio destacou que os credores – principalmente os bancos – “não gostam” de recuperações judiciais. “Num período entre um até o máximo de 10 meses, a empresa não pode sofrer qualquer tipo de ataque dos credores. E depois há um período de dois anos para se chegar a um acordo com os credores”, relata o processo.

A recuperação judicial pode se estender por mais tempo (em geral, até seis meses), a depender das decisões em assembleia. “Os credores perdem dinheiro numa recuperação porque não podem executar a empresa. Num acordo há três coisas: um desconto para saldar a dívida; um prazo de carência para pagar; e o parcelamento do valor descontado”, detalhou Fernando Luzio.

Contraponto

Com outra avaliação, o especialista em gestão financeira de empresas em crise, Artur Lopes, diz que o número de pedidos de falência deve aumentar em 2017 enquanto os pedidos de recuperação judicial tendem a diminuir.

“As empresas que precisavam ser recuperadas já estão nesse processo. Agora é uma questão de sucesso ou fracasso. Infelizmente, muita gente vai ficar pelo caminho [falir]”, argumenta o advogado da Artur Lopes & Associados.

O especialista lembrou que o empresariado brasileiro ainda resiste a reconhecer que precisará de ajuda para socorrer seu negócio. “Aquele empresário que passou por muitas crises, hiperinflação e planos econômicos [ex. Plano Collor] desenvolveu a sensação de que é invulnerável. Mas essa crise [atual] é a pior da nossa história”, avalia.

Lopes comparou que em crises anteriores havia um maior número de instituições financeiras para encontrar financiamento. “Hoje, são apenas quatro ou cinco bancos.”

Lopes completa que o mundo mudou e não se concorre apenas com a empresa da outra cidade. “A competição é global, seu concorrente está na China, ou em outro país da sudeste asiático com mão de obra barata”, diz.

Fonte: Fenacon / DCI – SP – Por: Ernani Fagundes

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